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"Re-examine tudo que já lhe foi dito, recuse tudo o que insulta a sua alma." 

-Walt Whitman

A Vida com Baixa-Fidelidade

Atualizado: 13 de jan. de 2019

"Pouco importam as notas na música, o que conta são as sensações produzidas por elas."

-Leonid Pervomayskiy (Poeta Ucraniano)




Olá Meus Jovens!!! Tudo bom com vocês?


Hoje vou falar sobre um estilo especial de música que eu descobri há algum tempo.


Música essa que me cativou de forma diferente. Um estilo que vai contra a "onda" de velocidade da sociedade e do caos do dia-a-dia.

Quase como uma espécie de meditação que incentiva a reflexão sobre a existência e a forma como se vive a vida.


O Lo-Fi!!!!


Mas antes que eu me fale da minha experiência com o Lo-fi, vou dar uma explicação do que é esse estilo musical e seus diferentes gêneros.

Lo-fi é basicamente um estilo de produção musical caseiro, que usa técnicas de gravação de baixa fidelidade, ou low fidelity, em inglês.


Termo criado em 1986, pelo DJ americano Willian Berger, na rádio WFMU, onde dedicava meia hora de seu programa para gravações caseiras.


O estilo inicialmente adotado por artistas que não possuíam recursos muito avançados para produção de suas obras, se transformou em um grande movimento, com um certo cunho jovem, ou "millennial" (associado aos sentimentos e estética que carrega, traz um apelo maior ao público jovem, atraindo uma faixa etária, diria que entre os 15 e trinta e poucos anos), conquistando espaço por ser mais independente, com batidas e estéticas únicas, acessível, calmo, reflexivo e por manter um público específico, que se liga emocionalmente as obras.


No Brasil o estilo tem destaque através da série de coletâneas Recife Lo-fi capitaneadas pelo músico, produtor e pesquisador pernambucano Zeca Viana.


Agora, eu tinha mencionado que existem diversos subgêneros (ou micro-gêneros) do Lo-fi e alguns você talvez já conheça, como o Lo-fi Hip Hop, o JazzHop, o Vaporwave e o ChillWave (que eu vou entrar em mais detalhes daqui a pouco), os mais populares no momento.


Mas você já ouviu falar no Simpsonwave? Ou no Hypnagogic Pop? E o Mall Soft?

Provavelmente não, nem eu conhecia até pouco tempo atrás, mas isso faz parte das possibilidades de criação, trazidas tanto pela estética visual como musical do gênero.


De forma resumida, o SimpsonWave consiste em uma estética visual e musical, mais próxima ao Vaporwave, com um adendo, a adição de imagens de episódios de os Simspsons, ou seja é a estética meio psicodélica e retro do Vaporwave, misturada aos Simpsons, o que trás para muitos que assistiram a série por anos (incluindo eu), uma sensação extra de nostalgia.



Enquanto isso, o hypnagogic pop, vem com uma pegada também alucinógena, mas com beats que variam entre mais pesados e lentos ou um pouco mais suaves (com uma experiência auditiva similar a de um remix) do que costuma-se ver no pop tradicional, adotando também uma estética visual que fica entre o vaporwave e a musica eletrônica.


E outros gêneros como o Chillwave e o Jazzhop, possuem também suas particularidades, que geralmente são pequenas alterações no visual e nas batidas.


Foquemos agora nos dois mais conhecidos e consequentemente com as histórias mais longas e artistas mais conhecidos.


Começando pelo Vaporwave, que teve seu pico na música "computing of lisa frank 420 / contemporary", do álbum floral shoppe, conhecida por muitos como Macintosh Plus (que na verdade é o nome da banda ou nesse caso, um dos pseudônimos da compositora da música, também chamada de "Vektroid". Seu nome real é Ramona Andra Xavier.


Esse gênero veio no inicio como uma forma de crítica a cultura de consumo, se apropriando de elementos dela, porém, eventualmente a estética atraiu grandes mercados por sua popularidade e começou a se tornar parte da cultura que vinha a criticar, exemplo é o uso extensivo do vaporwave em canais como a MTV.


A estética brinca com bustos romanos, imagens relativas ao começo do mercado de computadores e outros elementos do capitalismo.



E por fim vamos falar do Lo-fi Hip Hop, seguramente o principal gênero de Lo-fi no momento, já que tomou conta de boa parte da internet, especialmente em plataformas como o Youtube e o Spotfy.


Agindo como um antônimo do hip hop que compõe seu nome, usando de notas simples e sons pacíficos.


O principal impulsionador do Lo-fi Hip Hop é um artista já falecido, que também foi percussor de diversos outros gêneros Lo-Fi, o DJ japonês Jun Sebas, conhecido como Nujabes, que foi quem deu ao gênero, tanto a característica musical das batidas, quanto essa estética visual que abraça o anime.


Você provavelmente já se deparou com um desses vídeos ou livestreams em loop infinito de um personagem de anime cansado, anotando, estudando ou tomando um café, em um quarto vazio, ou talvez, você tenha visto uma das playlists/compilados com a mesma estética anime, de um personagem sentado sozinho em um lugar quieto, contemplando sua própria existência.


E essas imagens não são coincidência, elas ajudam a ativar a principal característica/função do Lo-fi Hip hop, alcançar o ouvinte gerando diversos sentimentos e momentos de introspecção.



Cada música vem com uma batida diferente, muitas vezes até com um cenário diferente, sempre escolhidos para incentivarem um sentimento, uma lembrança ou uma reflexão direcionada á algo específico.


Agora que temos todos os conceitos explicados, vou comentar minhas experiências e como eu acredito que podemos todos usar os diversos gêneros do lo-fi.


O vaporwave foi o primeiro gênero com que tive contato, em especial a música já mencionada, "computing of lisa frank 420 / contemporary", a primeira que cheguei a ouvir, mas acabou não me instigando muito, por ser muito distante do que eu estava acostumado.


Foi só alguns anos depois, quando comecei a ter contato com o lo-fi hip hop que despertei um certo interesse pelo estilo, mas por um tempo apenas considerei como um estilo divertido e relaxante.


Foi quando me deparei com duas obras primas (na minha opinião), uma do artista Jinsang, chamada "affection" e outra do Saib, chamada "in your arms", misturadas as imagens de uma animação japonesa de fundo, que o Lo-fi deixou de ser um gosto e se tornou uma obsessão.


Apesar das imagens de fundo não serem parte da música original, já que foram adicionadas pelo dono do canal 1171domino, elas se tornaram indispensáveis na minha concepção em relação as mesmas, pois foi a forma como combinaram as cenas com as batidas que me despertaram sentimentos específico e me trouxeram bons momentos de reflexão.


Isso abriu minha mente e comecei a ver de forma única todas as obras do Lo-fi, com um olhar mais crítico, buscando o sentimento e o momento da minha vida que poderia relacionar com cada musica que escuto.


E esse tempo que levei para me apaixonar pelo lo-fi acrescentou a magia do gênero, já que mostrou que o mesmo é tão intimo, único e sentimental que foi necessário uma música especifica, misturada a uma imagem especifica, para me acordar a grandeza e genialidade do gênero.


Assim comecei a me aventurar pelas diferentes vertentes do Lo-fi, além do hip-hop desde o JazzHop, que me atraiu por eu gostar do jazz em si e algumas vertentes mais suaves e fluidas do Vaporwave e do Chillwave.


Agora, como podemos utilizar o Lo-fi, como devemos vê-lo de forma geral?


Essa é a parte onde mora a genialidade do gênero.


O Lo-fi é um quadro em branco ou em uma analogia mais direta, ele funciona como uma pintura em uma galeria de arte.

O artista que a pintou quer gerar um sentimento, mostrar algo especifico, algo que desse um direcionamento (mesmo que mínimo) para o significado da obra, porém quem da o valor (o real significado) para a imagem é aquele que a observa, o público.

De forma intima, cada um verá o quadro de um jeito, terá um sentimento, uma lembrança e reação especifica ao que viu, mesmo que algumas visões sejam parecidas elas nunca serão iguais.


Assim funciona o Lo-fi, o significado da obra muda de uma pessoa para outra, sendo cada obra especial de forma diferente, cumprindo seu papel de ser um estilo que nos tira da correria da vida moderna e nos coloca em uma reflexão intima, em uma solidão confortável, mostra que na verdade estamos todos sozinhos em nossa mente e que precisamos estar mais próximos dessa solidão.


O lo-fi, não só relaxa e gera reflxão, ele prova que boa parte da vida que vivemos é uma construção, algo que nos faz sentir rodeados e acelerados, quando na verdade, tudo além da solidão da nossa mente, não passa de pura ilusão.


Links para as músicas citadas:


Zeca Viana - Olhar de Neon= https://www.youtube.com/watch?v=Ux0YJDE2QJA&list=RDEMUjvydh6UDrM2H7NGUxpjUg&index=1


Exemplo de Simpsonwave (SUNDAY SCHOOL)= https://www.youtube.com/watch?v=rTfa-9aCTYg&t=42s


Macintosh Plus - Computing of lisa frank 420 / contemporary = https://www.youtube.com/watch?v=aQkPcPqTq4M


Compilação JazzHop e Lo-fi Hip Hop (at caf é ­) = https://www.youtube.com/watch?v=K9u8zFVjX1g&index=2&list=RDQMZg81Shr7oOo


jinsang - affection= https://www.youtube.com/watch?v=dIC4VSUE7q4&index=4&list=RDQMZg81Shr7oOo


Saib - in your arms= https://www.youtube.com/watch?v=zVo1jRVe-Qk


kudasai - the girl i haven't met= https://www.youtube.com/watch?v=XDpoBc8t6gE


RUDE - Eternal Youth= https://www.youtube.com/watch?v=DhHGDOgjie4


Exemplo de Chillwave (HOME - Resonance)= https://www.youtube.com/watch?v=8GW6sLrK40k&list=RDQM2wWXC01H-G8&index=2


Muito obrigado por sua companhia e nos vemos no próximo post. Um forte abraço!!!

 
 
 

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